19 abril 2009

Lama 1




















Editorial

As revistas pulp, ou pulp fictions foram publicadas entre as décadas de 1920 e 1950, e eram assim chamadas por serem impressas no papel vagabundo e vendidas por alguns centavos. Suas capas apresentavam normalmente uma ilustração de uma garota seminua em perigo, ou torturada por um cruel vilão. *

A despeito disso, vários escritores famosos já trabalharam em pulps, como Isaac Asimov que trabalhou entre outras na Astounding Science Fiction. Outros escritores escreveram para pulps em início de carreira, como Raymond Chandler e Dashiel Hammett.

As pulps eram um tipo de entretenimento rápido, inicialmente criada nos Estados Unidos, sem grandes pretensões linguísticas, ainda que bastante divertidas. Pode-se dizer que, em uma época sem televisão, elas ocupavam o papel que as séries ocupam nos nossos dias.

No Brasil, o fantástico permeou diversos textos da literatura brasileira desde Álvares de Azevedo. Encontramos suas marcas em Joaquim Manuel de Macedo, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, entre outros. E também nos livros de Murilo Rubião, Jorge Miguel Marinho e J.J. Veiga.

Hoje, o gênero está permutado e misturado na cultura pop na forma de inúmeros sites, blogs e séries de tv. Crônica e fantasia se confundem numa realidade caótica que caminha na fronteira entre realidade e sonho. A internet trouxe a realidade virtual até nós. Zona limítrofe onde podemos viver situações imaginárias e visitar os não-lugares configurados por números intelectivos.

A miscelânea cultural, impressa e virtual, abriga desde os cronistas do cotidiano quanto aqueles que se aventuram pelos labirintos das estórias fantásticas; universo particular de criaturas e não-lugares.

O que você tem em mãos, estimado leitor, é um esforço coletivo cuja intenção é promover e instigar a produção de uma literatura pulp brasileira. Aos escritores e ilustradores que aqui se apresentam, foi feita uma proposta: que criassem um conto de horror, suspense ou realismo fantástico com completa liberdade temática. O resultado englobou temas muito diversos, criando assim uma edição muito rica e variada. Criaturas, psicopatas, vampiros, detetives. Todos estão presentes. Do horror ao suspense. Do realismo fantástico ao absurdo imaginável.

* Por isso a escolha da capa. Raquel Deliberali, clicada por Japa Biet. Esta imagem é ainda um estudo. A cena está sendo trabalhada pelo studio Pianofuzz.