29 abril 2008

Valêncio Xavier



Valêncio Xavier é um dos escritores que me inspiraram a começar a criar estórias.
Cineasta, desenhista, jornalista e personalidade da cena cultural de Curitiba, Valêncio Xavier Niculitcheff , também conhecido como "O Frankenstein de Curitiba" é pouco conhecido fora do Paraná, a não ser por um restrito círculo de críticos, como Boris Schnaiderman e Décio Pignatari. A tônica do trabalho de Valêncio é o humor: seu primeiro livro, que leva o estranho nome de Desembrulhando as Balas Zequinha (1973), é um estudo sobre figurinhas de bala.
Busquei na net informações sobre seus livros e o filme "Mistéryos", baseado em seus contos:



O Mez da Grippe reúne de maneira criativa recortes de jornais antigos, anúncios, cartões-postais e ilustrações para contar a epidemia de gripe espanhola que assolou Curitiba em 1918. Valêncio também usa fotogramas de filmes mudos e desenhos e quadrinhos. Recursos que compõem a narrativa. Sim, uma imagem vale muitas palavras.






Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentindo é uma espécie de álbum de lembranças montado por um velho que continua impressionado com coisas que aconteceram na sua infância: a descoberta do amor e do sexo, a relação com a mãe. "Não sei dizer o que senti quando vi minha mãe nua pela porta aberta do banheiro", ele escreve. O álbum traz fotografias, recortes, páginas do catecismo e de livrinhos de sacanagem, uma embalagem de sabonete e muitas outras imagens que ajudam o leitor a entrar na cabeça do velho e ver as coisas que o menino sentia: curiosidade, por exemplo:"Como é que o eletricista que veio consertar a luz da sala enfiava o dedo no bocal e não levava choque?"; medo: "Beijo de puta com sífilis transmite a doença e a gente fica com o corpo cheio de feridas que não cicatrizam nunca, e fica louco"; exasperação: "Eu não sei o que é clitóris!"; ou abandono: "morreu quando eu tinha 13 anos", "acho até que tinha ódio de mim seu filho, aquele que se chama Valêncio". É um livro sobre coisas que um menino e um velho não entendem e não esquecem.

Nos sete livros que compõem este Rremembranças da menina de rua morta nua, Valêncio Xavier transita pelos mais variados gêneros literários. A narrativa alterna constantemente entre o autobiográfico, o fantástico, o policial, sem nunca se fixar em um deles. A isso, o autor combina recursos gráficos: desenhos, recortes de jornal, embalagens e fotografias, criando assim uma linguagem própria, que é ao mesmo tempo moderna, inovadora e deliberadamente popular. É desse senso-comum da linguagem que Valêncio extrai a força quase poética de suas histórias. No livro que dá título a esta coletânea, por exemplo, ele se apropria de uma reportagem do extinto programa de TV Aqui e agora, com direito a vinhetas e chamadas comerciais, apenas para fazer do sensacionalismo barato matéria bruta da grande literatura. O engenhoso jogo entre texto e imagens que permeia todas essas narrativas parece remeter a um passado coletivo, que pertence às antigas salas de cinema do centro, a sábios orientais que nunca existiram e à memória de anônimos e desconhecidos, que Valêncio insiste em resgatar.





Crimes à Moda Antiga (Publifolha), o mais recente livro do paulista radicado em Curitiba Valêncio Xavier, é composto por oito contos que descrevem crimes que aconteceram no Brasil do início do século 20. O livro é um mergulho nos becos mais obscuros da alma humana. Em muitos dos contos, os assassinos matam por motivos mais ou menos insignificantes, mostrando o pouco apreço que têm pela vida alheia. Assim são os crimes causados pela cobiça dos ladrões em “Os Estranguladores da Fé em Deus” e “Gângsteres Num País Tropical”; pelo ciúme em “O Outro Crime da Mala”; pela honra ultrajada e orgulho ferido em “A Noiva Não Manchada de Sangue”; pela certeza de impunidade dada pela riqueza em “O Crime de Cravinhos”. Além disso, duas histórias de Crimes à Moda Antiga se destacam pela violência extrema. Em “O Crime do Tenente Galinha”, tanto os assassinos quanto o assassinado (o tal Tenente Galinha) chegam a níveis absurdos de maldade e agressividade. “Aí Vem o Febrônio” é uma impressionante descrição da mente de um psicopata com delírios religiosos.













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Mistéryos







Amigos desde o período áureo da Cinemateca, entre o final da década de 70 e início dos anos 80, Pedro Merege e Beto Carminatti se reencontraram e resolveram fazer um curta juntos. A intenção era também filmar algo do escritor paulista radicado em Curitiba, Valêncio Xavier. Surgiu a idéia de filmar ‘O Mistério da Prostituta Japonesa’. A dupla elaborou um projeto e submeteu à Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Aprovado, o projeto saiu do papel. A captação de recursos foi em 2004 e o filme, que levou o nome de ‘O Mistério da Japonesa’, foi rodado e ficou pronto em 2005.



“Esse filme deu muita alegria para nós e, quando a gente assistia, dava aquela sensação ‘que vontade de fazer um filme como esse!’”. Na época em que estavam rodando ‘O Mistério da Japonesa’, eles tiveram a idéia de fazer mais outros três ou quatro projetos de curtas a partir de textos de Xavier, para juntar num longa de episódios.


O que uniria os filmes era a obra de Valêncio Xavier. Nesse meio-tempo, acontece que é lançado o Prêmio de Cinema e Vídeo do Paraná pelo Estado. A dupla decidiu, então, inscrever o projeto no concurso, porém alterando de curtas para um longa. “Ao invés de captarmos três ou quatro vezes, decidimos captar apenas uma vez”, explica Merege. Mas não foi dessa vez que a idéia saiu do papel. O projeto ficou em segundo lugar no concurso, mas não foi esquecido.




No ano seguinte, depois de fazer alguns ajustes e promover algumas melhorias no roteiro, foi inscrito novamente e daí aprovado. O momento era então de começar a trabalhar para a realização do filme. “Demos o nome de ‘Mistéryos’ porque pegamos os textos dentro do livro do Valêncio, ‘O mez da grippe e outros livros’, que tem uma parte que se chama ‘Os 12 mistérios mais o mistério da porta aberta’. Escolhemos alguns desses mistérios e por isso demos esse nome. A grafia com ‘y’ no lugar do segundo ‘i’ é uma brincadeira com a grafia do título do livro, que é mês com ‘z’ e gripe com dois ‘pês’”, explica. Com orçamento de R$ 1 milhão (valor do prêmio), Merege e Carminatti decidiram unir as histórias, ‘costurando-as’ com outra história de Xavier. As gravações aconteceram todas em Curitiba, exceto algumas cenas que foram em Piraquara, região metropolitana. As filmagens ocorreram do início de janeiro ao início de fevereiro, embora algumas cenas simulando um filme antigo tenham sido feitas durante dois dias de dezembro. Da pré-produção à finalização, o filme foi concluído em 1 ano e meio. “Para quem esperou dois anos para ser aprovado, um ano e meio entre pré-produção, produção e finalização não é muito tempo”, fala Merege.


Trailer:

27 abril 2008

JB e JBORGES




























Aqui está uma cópia da página do JB com a matéria do Crepúsculo para quem quiser ler.
Hoje fui numa exposição do J.Borges no MON. Sensacional! Xilogravurista e escritor genial, nasceu na cidade de Bezerros e foi através da literatura de Cordel que divulgou suas idéias. Tive a oportunidade de ver nesta ocasião um video com depoimentos e participação do Ariano Suassuna. Adorei e virei fã. Agora quero ir até lá para conhecer o ateliê deste gênio. Sou fascinado pela literatura de cordel e todo o universo das histórias. De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.
Ganhou este nome, pois são expostos ao povo amarrados em cordões, que são estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Logo abaixo, colo o conto em poesia "A chegada da Prostituta no Céu", um dos exemplares mais vendidos de J.Borges. Divirtam-se!


























A CHEGADA DA PROSTITUTA NO CÉU

J. Borges




Do rosto da poesia
eu tirei o santo véu
e pedi licença a ela
para tirar o chapéu
e escrever a chegada
da prostituta no céu

Sabemos que a prostituta
é também um ser humano
que por uma iludição
fraqueza ou desengano
o seu viver é volúvel
sempre abraça ao engano

Vive metida em orgia
e cheia de vaidade
é raro uma que trabalha
e usa honestidade
por isso fica odiada
perante a sociedade

Todas as religiões
para ela escala uma pena
se o homem lhe abraça
a mulher casada condena
mas sabemos que jesus
perdoou a madalena

Falar sobre prostituta
é um caso muito sério
que é um ser sofredor
sua vida é de mistério
e para sobreviver
sempre usa o adultério

Perante a sociedade
ela é marginalizada
existe umas mais calmas
e outras mais depravadas
e quem tem mais ódio delas
é a própria mulher casada

Ela vive aqui na terra
enfrentando um sacrifício
se vende para os homens
muitas se entrega no vício
e nova se estraga
e faz da miséria ofício

Aconteceu que uma delas
morreu em um certo dia
e pela vida que levava
o povo sempre dizia
ela vai para o inferno
pelos atos que fazia

Assim que foi enterrada
a alma se destinou
querendo ir para o céu
mas primeiro ela passou
pelo portão do inferno
e o diabo lhe acompanhou

Saiu correndo atrás dela
dizendo vem cá bichinha
um bocado como tu
faz tempo que aqui não vinha
e eu estou gamadão
nesta garota novinha

Mas na carreira que vinha
o diabo e a prostituta
passaram no purgatório
e no sindicato das puta
e lá no portão do céu
foi que começou a luta

Porque já se encontrava
uma mulher bem casada
arengando com o marido
que morreu de uma virada
e queria entrar no céu
com uma faca afiada

Essa mulher que morreu
era muito ciumenta
quando viu a prostituta
entortou o pau da venta
e disse: vou te furá
foi uma luta cinzenta

Furou a mulher na perna
o marido puxou no braço
o diabo pegou também
dizendo já sei que faço
vou levar mesmo sem perna
mas levo o melhor pedaço

Nessa zuada São Pedro
se apresentou no portão
e disse: não tem lugar
pra mulher com bestalhão
só tem pra mulher sozinha
e foi logo estirando a mão

E pegou logo no braço
da mulherzinha assanhada
disse: você pode entrar
aqui não lhe falta nada
vai dormir na minha cama
até alta madrugada

Mas atrás dela já vinha
outro cara de complô
e disse: eu entro também
pode dá o estupô
porque na terra eu era
dessa mulher gigolô

São Pedro lhe respondeu
mas aqui é diferente
sou o chaveiro do céu
e aqui neste batente
só entra quem eu quiser
que sou velho, mas sou quente

Disse: vocês lá na terra
fazem tudo quanto quer
maltrata as prostitutas
e usam como quiser
mas aqui eu trato bem
a todos que aqui vier

E entrou de braço dado
com a mulherzinha singela
com uma perna furada
mas São Pedro tratou dela
e deu apoio a prostituta
que ninguém bulia nela

Depois disso a prostituta
foi fazendo o que bem quis
botou galha em São Pedro
namorou com São Luiz
tirou sarro com São Bento
no beco do chafariz

Uma noite de São João
dançou com São Expedito
levou xecho de São Brás
namorou com São Carlito
e no fim da festa foi
dormir com São Benedito

E não quis Santo Oscar
por ser barbudo demais
deixou ele na espera
e foi dormir com São Brás
Santo Oscar quando acordou
Falou alto e bem voraz

Disse ele: hoje mesmo
antes de tomar café
eu vou contar a Jesus
essa puta como é
depois de sua chegada
o céu virou cabaré

Ele foi e disse a Jesus
que ela era depravada
Jesus respondeu calmo
deixa essa pobre coitada
se na terra sofreu tanto
como vai ser castigada?

Na terra não teve apoio
em meio a sociedade
levou a vida sofrendo
e fazendo caridade
aceitando preto e branco
que tinha necessidade

Mesmo com as prostitutas
vive cheio de tarado
correndo atrás das moças
e mulher de homem casado
se não houvesse prostituta
qual seria o resultado?

Ele ficou cabisbaixo
e respondeu: muito bem
se o sol nasce pra todos
a mulher nasceu também
se um dia eu pegar ela
trituro e deixo um xerém

Aí ficou sem efeito
a denúncia de Santo Oscar
pediu perdão a Jesus
e voltou pra seu lugar
e encontrou Mariano
num sarro de admirar

Aqui termino o livrinho
em favor das prostituta
para vender aos homens
a rapaz, a corno e puta
pessoas de baixo porte
e aos de boa conduta.

26 abril 2008

Jornal do Brasil




Amanhã, Domingo dia 27 Abril 2008 sairá uma matéria sobre as fotonovelas do Crepúsculo no Jornal do Brasil(Caderno B), escrita por Bolívar Torres Correa. Estará disponível online também no site:

http://jbonline.terra.com.br

Demais!\o/

E quem quiser ler a matéria que saiu no Globo, jornal do RJ também, que saiu em Dezembro de 2006, pode clicar neste link:

http://www.crepusculo.com.br/imprensa.html

22 abril 2008

Procurando Quem?(Parte 2)



Bem, a idéia da vinheta do programa surgiu a partir da sinopse que o pessoal da Morena Filmes me passou. Será um seriado onde o apresentador (Rodrigo Bittencourt) estará sempre a procura de alguém famoso através das pistas deixadas pela cidade. Onde ele poderá,ou não, encontrar o dito cujo. Então bolamos um roteiro baseado no dia-a-dia de um detetive, um tanto quando atrapalhado e repleto de post its. Esta imagem foi o primeiro estudo da porta, clássica de filmes noir com o nome do investigador escrito no vidro.

E logo abaixo como ficou a imagem final:


13 abril 2008

Capítulo 4 da Infiel




Novo! Está publicado! Vejam!

http://www.crepusculo.com.br/ai_cap4.html




Procurando Quem? (Parte 1)


No começo de 2008, nós do Crepúsculo fomos contratados para fazer dois clipes e uma vinheta. Os clipes são para a Thaís Gulin e o Rodrigo Bittencourt, ambos do Rio de Janeiro. Também produzimos uma vinheta de um programa (Procurando Quem?) para o Canal Brasil, produzido pela Morena Filmes. Em virtude destes trampos, tivemos que dar umas paradas nos capítulos das fotonovelas.


Vejam algumas fotos de making of no flickr! Mas agora estamos de volta e logo publicarei mais imagens e videos dos filmes novos!


http://www.flickr.com/photos/crepusculo


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Procurando Quem?
Cliente: Canal Brasil

Rodrigo é um detetive particular repleto de “post-its” colados por todo seu gabinete. No final da tarde, resolve ir até um boteco que fica do outro lado da cidade, no intuito de procurar alguém importante. No caminho enfrenta uma ventania que arremessa folhas e jornais sobre seu rosto, mas tudo provocado pela produção do programa, como se ele fosse o ator de um filme.


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Equipe que trabalhou:



Ator: Rodrigo Bittencourt

Diretor de arte, de Cena e Roteirista: Fabiano Vianna

Assistente de Direção e Diretora de Produção: Michele Franco

Fotógrafa: Ivana Podolan

Diretor de Fotografia: Bruno Zotto

Assistente de Produção: Maurício Saldanha

Platô: Rafael Woellner

Elétrica: Japa Biet

Making of: Gika e Japa Biet

Maquiadora: Raquel Deliberali

Figurinista: Lil