23 agosto 2009

ENTER

Heloísa Buarque de Hollanda é uma ensaísta, escritora, editora, crítica literária e pesquisadora brasileira. É também Professora Titular de Teoria Crítica da Cultura da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC/UFRJ) e da Biblioteca Virtual de Estudos Culturais (Prossiga/CNPq) e diretora da Aeroplano Editora Consultoria Ltda. Foi também Diretora da Editora da UFRJ e do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Este mês ela lançou a ENTER. Mais uma de suas importantes antologias literárias, e na qual eu estou presente como um dos 37 autores selecionados. Fiquei muito feliz com a indicação e felizmente pude estar presente no lançamento do projeto, no rio dia 11 de Agosto. Aproveitei a ocasião para conhecer amigos e pessoas que já admirava de longe como Ana Paula Maia, Ramon Mello, Simones Campos & Michel Melamed. Também tive a oportunidade de conhecer João Paulo Cuenca & Os Sete Novos. Foi muito bom e voltei para Curitiba bastante inspirado.

Meu amigo Ramon Mello escreveu um texto sobre a experiência de trabalhar junto com Heloísa na elaboração desta antologia, relembrando outras aventuras do tipo. Deve ser muito complicado assumir esta posição de selecionar alguns, no meio de tantos. Aqui o post dele:

 

“Depois de organizar o sarau de lançamento do filme PALAVRA ENCANTADA e participar da organização do ENTER - ANTOLOGIA DIGITAL, passei a admirar profundamente pessoas que se colocam a frente de ESCOLHAS: Heloisa Buarque de Hollanda com as diversas ANTOLOGIAS, Chacal com o CEP 20 000, Paulo Scott com o DE MODO GERAL, João Paulo Cuenca com os AMORES EXPRESSOS, Priscila Andrade, Diana de Hollanda e Leandro Jardim com a FL@P!, Marcelino Freire com os MICROCONTOS, Flávio Izhaki com as PROSAS CARIOCAS, Nelson Oliveira com os MANUSCRITOS DE COMPUTADOR, Marcelo Moutinho e Jorge-Reis Sá com o DICIONÁRIO AMOROSO DE LÍNGUA PORTUGUESA, Eduardo Coelho com os DONOS DA BOLA, Luiz Ruffato com as 25/30MULHERES, e tantos outros: PARABÉNS! Não é fácil! - principalmente quando se lida com escritores, poetas e afins. Organizar antologias é quase como organizar eventosde literatura: sempre vai ter alguém de fora reclamando, virando a cara, por não ter participado. Falando bem ou mal, são essas pessoas que promovem a literatura e correm riscos. Manuel Bandeira, organizador do livro APRESENTAÇÃO DA POESIA BRASILEIRA, costumava dizer que “organizar antologias é fazer inimigos”, algo do gênero. Não há dúvidas.” Ramon Mello.

 

Mais textos do Ramon no:

http://www.sorrisodogatodealice.blogspot.com

 

O site da antologia ENTER:

www.enterantologiadigital.com.br

 

Aqui uma análise do Eduardo Coelho, editor da Língua Geral e chefe do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa.

http://autoreselivros.wordpress.com/2009/08/14/enter-antologia-digital

 

18 agosto 2009

Leviatã


Ahab usava bastante o termo “Leviatã”, na peça. Eu sempre gostei desta palavra e do significado dela. O Leviatã é uma criatura imaginária, geralmente de grandes proporções, bastante comum no imaginário dos navegantes europeus da Idade Moderna. Ahab considerava Moby Dick como um desses monstros diabólicos. Há referências do termo Leviatã ao longo de toda a história, inclusive no caso do Monstro do Lago Ness. O Livro de Jó, capítulos 40 e 41, aponta a imagem mais impressionante do Leviatã, descrevendo-o como o maior (ou o mais poderoso) dos monstros aquáticos. Quando se levanta, tremem as ondas do mar, as vagas do mar se afastam. Se uma espada o toca, ela não resiste, nem a lança, nem a azagaia, nem o dardo. O ferro para ele é palha, o bronze pau podre. Em outras interpretações, o Leviatã aparece na Bíblia sob a forma do maior dos seres aquáticos, como um crocodilo ou então na forma de um enorme peixe, uma baleia. Leviatã (Leviathan ou Leviatha) também é citado na demonologia como um dos quatro príncipes coroados do inferno. Seu nome vem do hebraico, e significa Serpente Tortuosa, uma referência tanto a sua natureza animalesca como ao seu aspecto oculto. Seu arquétipo refere-se a brutalidade, ferocidade e aos impulsos mais selvagens e incontidos da humanidade. Segundo os escritos de La Légende Dorêe, datados de 1518, Levitã é comparável a um dragão, metade besta e metade peixe, muito maior que um boi e absurdamente mais comprido e rápido que um cavalo. Seus dentes são agudos como espadas e possui chifres em ambos os lados da cabeça.
O Dicionário Judaico de Lendas e Tradições de Alan Uterman afirma que os olhos do Leviatã iluminam o mar à noite e podem ser vistos a milhas de distância. A água ao seu redor ferve com o hálito quente de sua boca, o que o faz ser sempre acompanhado de cortinas de vapor escaldante. O odor fétido do Leviatã pode superar até a fragrância do jardim do Éden, e caso seu fedor lá penetrasse, ninguém poderia sobreviver. De acordo com a tradição cabalística o Leviatã simboliza Samael, o príncipe do mal, que será destruído nos tempos futuros.

17 agosto 2009

Moby Dick



































Semana passada estive no Rio e fui assistir Moby Dick, uma adaptação de Aderbal Freire-Filho. A montagem foi feita no teatro Poeira, em Botafogo. Na Rua João Batista, uma pequena rua de 2 quadras que começa no portão do cemitério e termina na Voluntários da Pátria. Uma arquitetura muito bonita, bem aconchegante por dentro.

Na entrada, uma imensa plotagem dos homens com cabeça de baleia. Sempre gostei deste livro e da busca insana de Ahab contra as forças malignas e misteriosas que o atormentam. Chico Diaz representa o capitão arrebatadoramente. Obcecado por matar o tal “Leviatã” branco dos mares. Aliás, adoro este termo e um próximo post será sobre ele. Os marujos foram representados por Orã Figueiredo, Isio Ghelman e André Mattos. A viagem durou duas horas, por vezes bruta como necessária à vida no mar. Tempestades, relâmpagos. Você sentia que viajava junto, principalmente pelo fato do teatro ser em forma de arena, circundando o palco, transformado em barco. A platéia virou a tripulação. Os atores se utilizavam de vários artefatos ora para criar os efeitos sonoros da aventura, ora se transformam também em outros personagens secundários como tripulantes sem nomes. Em vários momentos, Ahab falava conosco, como se fôssemos marujos também. Sobre o piso de madeira carcomida do navio, vários baús com objetos utilizados para o desenvolvimento da estória. Gorros, livros, mapas, garrafas. E íamos entrando aos poucos no jogo, na obsessão da busca de Moby Dick. Com falas ligeiras e movimentos brutos, os atores te envolvem no labirinto cinético que lembram o sobe-desce das violentas ondas do alto mar. E a obsessão de Ahab vai se tornando também, a nossa obsessão. Saí do teatro, mareado, tonto. Um sobrevivente empolgado e inspirado.